Abordagens Críticas ao Desenvolvimento

Nos dias 29 e 30 de novembro, o BRICS Policy Center sediou o workshop “Abordagens Críticas ao Desenvolvimento”. O evento buscou unir e colocar em diálogo propostas críticas do Sul Global para repensarmos desenvolvimento em tempos de retrocesso e conservadorismo, bem como trazer uma reflexão sobre o desenvolvimento nas áreas de gênero, raça e classe; natureza, direitos indígenas e questões de terra; e ativismo, movimentos sociais e trabalhar “de dentro”.

Refugiados do coletivo Chega Junto – Lateefat Hassan, da Nigéria, Louise, de Togo-Camarões e Dionel Perez e Argelia  Jimenez, da Venezuela – venderam comidas tradicionais de seus países durante os intervalos do workshop.

A preocupação constante dos estudos críticos de desenvolvimento é entender que a América Latina possui uma realidade diferente em termos dos efeitos do capitalismo Global, de acordo com a Professora Cristina Rojas, da Carleton University. Ela acredita que essa mudança de ponto de vista ocorre a partir da pluralização de vozes engajadas.

–  Atualmente há uma maneira diferente de pensar desenvolvimento. A ideia de desenvolvimento tem mudança por meio de eventos que contam com a participação de populações indígenas e o protagonismo feminino em questões de extrativismo, por exemplo;

Para Alberto Acosta, um modelo de desenvolvimento imposto pelos EUA – a busca pelo american way of life – resultou na perda de nossas capacidades e identidades. Aumentou-se, por exemplo, a desigualdade social em nome de desenvolvimento. De acordo com dados de 2013, oito multimilionários possuem metade da riqueza do mundo, e todos são homens e brancos, o que para Acosta reflete a realidade do planeta atualmente. O professor ressaltou que não haverá justiça social sem justiça ecológica e vice-versa; e que a economia deve estar associada à sociedade e à natureza.

Cristiana Gonzáles apontou a digitalização como ferramenta de transformação social, uma vez que permite a criação de redes comunitárias e a articulação de movimentos sociais, como a Kéfir, rede feminista mexicana; no entanto, ela afirma que é necessário superar a brecha digital de gênero, ou seja, a diferença de acesso à internet entre homens e mulheres.

No segundo dia do workshop, o índice de Felicidade Interna Bruta foi apontado como um indicador alternativo de desenvolvimento por Bianca Suyama, da Articulação Sul. Desenvolvido no Butão nos anos 1970, o indicador é baseado na ideia de que o desenvolvimento econômico deve ser acompanhado do desenvolvimento espiritual e social, e alguns de seus pilares são a promoção do desenvolvimento educacional para a inclusão social; a resiliência ecológica na base do desenvolvimento sustentável; a diminuição da jornada de trabalho na promoção do tempo livre e do lazer; e a igualdade entre gêneros e liberdade de pensamento.

Anselmo Otavio, da UNISINOS, falou sobre o desenvolvimento no continente africano. De acordo com ele, há duas principais formas de desenvolvimento na África: pela aceitação, proposta do Banco Mundial, e pela contestação, proposta da população. Ele afirmou ainda que a miséria do continente africano é uma consequência das práticas imperialistas, portanto países ocidentais tem sua responsabilidade na recuperação da África.